sábado, 7 de maio de 2011

[MUSICA] REVIEW: Lupe Fiasco - "L.A.S.E.R.S." (2011)

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TEMA DA SEMANA: Discos que ficaram em 1° lugar nos EUA em 2011
SUB-TÍTULO: A vitória da democracia virtual.


"L.A.S.E.R.S.", terceiro disco do rapper Lupe Fiasco, esteve envolvido em uma luta contra tudo e todos. Resumindo uma longa história que durou quase dois anos e meio: a sua gravadora Atlantic Records negou as faixas que ele gostaria de lançar como álbum em 2009, o que fez com que o rapper literalmente "pedisse para sair".

A gravadora se recusou a liberar o rapper e ainda engavetou o álbum, o que fez com que seus fãs protestassem contra a gravadora, criando petições pela internet que receberam milhares de assinaturas. A Atlantic Records aceitou lançar um novo álbum, porém o Lupe teria que fazer certas concessões. Será que tais 'concessões' causaram algum efeito notável no disco? Analisaremos...



O disco, que finalmente foi lançado em março de 2011, estreou em 1º lugar na lista dos mais vendidos, com a espantosa marca de 204 mil cópias apenas na primeira semana, feito grandioso considerando-se o sucesso mediano que o rapper fazia até então.

Os dois primeiros singles do disco, "The Show Goes On" e "Words I Never Said", são bons exemplos do que seriam as tais concessões que a gravadora exigiu para este álbum: músicas mais radiofônicas.

Em "Letting Go", faixa que abre o disco, e "The Show Goes On" (faixa 6), é perceptível o apelo comercial inserido nos instrumentais feitos exclusivamente para agradar ao público.

A participação do grupo eletrônico MDMA em 3 faixas evidencia o comercialismo do conjunto da obra: "I Don't Wanna Care Right Now" (faixa 4) é embalada por um refrão nos moldes de um remix para as pistas de dança; "Beautiful Lasers" (faixa 7) poderia ser levada a sério como a melhor música do álbum se não fosse o excesso de Auto-Tune.

"Coming Up" (faixa 8), terceira contribuição do MDMA, embora não seja eletrônica, ainda não dá sinais de que a música seja de fato do Lupe, soando mais como um r&b do Ryan Leslie, o que também pode ser percebido na feita-para-ser-single "Out of My Head" (faixa 5) que conta com uma participação equivocada do Trey Songz e na sonoridade divertida de "Till I Get There" (faixa 3).

Ainda na vibe eletrônica, temos dessa vez uma faixa bem executada: "Break the Chain" (faixa 10), cujo refrão sampleado remete a uma fusão Hip-Hop/Eletrônico de forma interessante como algo que o Kid Cudi faria, vale a pena por sua peculiaridade.

"Words I Never Say" (faixa 2) é o momento em que suas rimas estão mais ferozes e mais sinceras, falando sobre a guerra e o terrorismo. Apesar disso, o instrumental, que parece ter sofrido influência da gravadora, retira o tom sério da canção, tornando-a apenas uma aspirante de mega hit como foi "Love the Way You Lie", usando inclusive da mesma estrutura: voz suave feminina no refrão (Skylar Grey/Rihanna), e batidas pesadas acomapnhadas por um rap frenético, furioso e agressivo. Incoerente.

Enquanto "Words I Never Say" é incoerente, "State Run Radio" (feat. Matt Mahaffey) (faixa 9) é quase uma auto-crítica metalinguística disfarçada. Esta música que soa comercial e fala sobre músicas comerciais vale a pena mesmo por lembrar o melhor e o mais ácido de rappers como o Rick Ross, da sonoridade à voz grave ao soltar as rimas.

As duas últimas faixas, "All Black Everything" (faixa 11) e "Never Forget You" (faixa 12), terminam o disco de uma forma mais agradável. Na faixa 11, o tema explorado são os sonhos de riqueza que são clássicos do ramo do hip-hop, embalado por um sample bem roots. Na última faixa, quem faz o papel do sample e ainda toca piano na música é o John Legend e, deve-se observar que, em uma música que fala de saudades de um amor e de sua família, ele é mais que bem-vindo.

Há duas faixas bônus que valem a pena conferir. "I'm Beamin'", single promocional da época em que o lançamento do disco ainda era uma incerteza, é muito superior a várias das faixas que entraram na tracklist final.
"Shining Down" lembra seu mais bem-sucedido single "Superstar", contando inclusive com a mesma participação especial, o semi-conhecido Matthew Santos.

De modo geral, para os novos ouvintes, o disco é satisfatório. Para quem conhece os trabalhos anteriores do Lupe Fiasco e, portanto, sabe do que ele é capaz, o resultado é desastroso. Quando os versos têm musicalidade, as rimas são pobres; já no freestyle, as rimas são abstratas e ele muito fala, fala, sem dizer quase nada.

O disco tem um propósito curioso e um futuro incerto. Qual foi o papel de cada um no desenvolvimento do "L.A.S.E.R.S."? A gravadora, pensando em seu lucro, o forçou a gravar faixas mais comerciais no intuito de incentivar as vendas; os fãs fieis, que criaram as petições on-line, cumpriram sua função ao comprarem o disco na semana de estreia, tornando o 1º lugar em vendas da semana.

No final das contas, todo mundo saiu feliz. Todo mundo, exceto o próprio Lupe Fiasco que chegou a declarar que é neutro ao álbum e que rejeita muitas das canções nele (provavelmente as tais 'comerciais'). Mas é assim o capitalismo, caro Lupe. Reze para sobreviver neste business tempo o suficiente para ter o poder de lançar um disco à sua maneira. Enquanto isso, decida-se entre passar um tempo no ostracismo ou lançar um outro disco loser. Quer dizer, outro "Lasers".

DESTAQUES: Till I Get There, State Run Radio, I'm Beamin'.

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